
O empresário Edson Cézar Cavalcante Silva se entregou na sede da Procuradoria de Justiça. De lá, seguiu para o Itep e Comando da PM
O empresário realizou exame de corpo de delito no Instituto Técnico-científico de Polícia (Itep), logo após deixar a Procuradoria. Depois, foi encaminhado por equipes da Companhia de Policiamento Ambiental ao quartel do Comando Geral da Polícia Militar, onde permanecerá preso. Sócio do consórcio Inspar, o sócio majoritário da Inspetrans confirma o pagamento de aproximadamente R$ 2 milhões, mas nega qualquer envolvimento em negociatas e acreditava que a verba seria utilizada para um investimento lícito.
Apontado pelo Ministério Público como empresário que pagou para aquisição de cotas no esquema fraudulento e pagamento de propina a agentes públicos, Edson Cézar, conhecido como "Mou", teve mandado de prisão expedido, mas não foi cumprido ontem junto aos outros 13 da operação Sinal Fechado.
De acordo com o advogado do empresário, Wilker Matoso, assim que soube do mandado de prisão Mou decidiu se entregar à Justiça. O empresário alega inocência.
Afirmando que o cliente preferia ainda não dar declarações sobre o caso, o advogado de Edson Cézar disse que o cliente não tinha envolvimento com nenhum dos políticos citados pelo Ministério Público. Acrescentou também que relação com George Anderson Olímpio da Silveira, apontado como mentor do esquema fraudulento que poderia apurar até R$ 1 bilhão em 20 anos, era apenas de sócio.
"Eles se conheciam, eram sócios. Ele investiu o dinheiro para a compra de equipamentos e material para o negócio, normalmente. O valor deve ter chegado próximo disso (R$ 2 milhões), mas ele não sabia de nenhum esquema fraudulento. Ele pensava estar investindo em algo lícito", disse Wilker Matoso. "Ele não conhecia políticos que podem estar envolvidos", garantiu o representante do empresário.
Investigação
Para o Ministério Público, a suposta participação de Édson Cavalcante no esquema criminoso foi além do exposto por seu advogado. O MP diz que "há provas de que [ele] participou da fraude à concorrência para a concessão do serviço de inspeção veicular ambiental no RN, tendo sido quem pagou o estudo que embasou o PCPV [Plano de Controle de Poluição Veicular]". O documento prossegue: "(...) bem como articulou-se com Marcus Vinícius Furtado da Cunha, braço operacional da quadrilha no Detran/RN, o qual assinou o próprio atestado técnico Inspetrans, para montar a fraude, em conjunto com George Olímpio.
O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte aponta ainda cinco processos no nome de Édson Cézar em decorrência de falta de pagamento do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU).
Detentos: sinal aberto para as visitas
O dia foi bastante movimentado no quartel do Comando Geral da Polícia Militar do Rio Grande do Norte, localizado na avenida Rodrigues Alves. Um dia após a deflagração da operação Sinal Fechado pelo Ministério Público Estadual, ontem inúmeros familiares, advogados e políticos passaram pelo alojamento onde estão detidos sete pessoas em decorrência da investigação.
O deputado federal Felipe Maia (DEM) esteve no Comando da PM

De acordo com o apurado pela reportagem, apenas advogados que representariam os suspeitos poderiam ter acesso ao alojamento. Porém, familiares e amigos estiveram no local estabelecendo contato com os acusados. Marmitas com o almoço eram levadas pelos que circulavam pelo quartel.
O sinal estava aberto para as visitas. A equipe de reportagem da TRIBUNA DO NORTE esteve durante boa parte da manhã de ontem no quartel onde estão "alojados" os políticos e empresários. Alguns dos visitantes passavam direto para o Comando do Policiamento Interiorano (CPI), onde os acusados estão presos. Sequer cumprindo procedimento junto ao oficial do dia.
Oficialmente, as visitas de familiares é permitida aos sábados, domingos e feriados entre às 11h e 17h.
Os empresários, políticos e ex-diretores do Detran/RN têm direito ao banho de sol duas vezes por semana. Na quinta-feira, alguns deles gozaram do privilégio e puderam caminhar até a quadra esportiva - distante cerca de 10 metros do local do alojamento. Sempre com a escolta de policiais militares. Outros preferiram se manter dentro do alojamento.
Hoje, os suspeitos detidos estão espalhados pelo quartel do Comando Geral da PM. Alguns estão na sede do Comando de Policiamento do Interior. Outros no alojamento do Comando de Policiamento Metropolitano. E os últimos, no alojamento do oficial do dia.
Engana-se quem pensa que desconforto atinge os suspeitos. Na sede do CPI, por exemplo, há condicionadores de ar para refrescar e televisões para entreter os envolvidos no suposto esquema criminoso.
Empresário detido sente fortes dores
O empresário José Gilmar Carvalho Lopes, o Gilmar da Montana, permanece internado em unidade semi-intensiva no Hospital do Coração, no bairro de Lagoa Nova. Ele apresentou fortes dores e picos hipertensivos na noite da quinta-feira passada, quando foi socorrido pelo Samu.
O boletim médico divulgado às 18h de ontem esclarece que o estado de saúde do paciente é regular, apesar das dores abdominais e do estado emocional abalado. Durante esta sexta-feira, foram realizados procedimentos médicos como ultrassonografia e endoscopia digestiva alta.
A reportagem da TRIBUNA DO NORTE apurou junto aos advogados de Gilmar da Montana que durante o dia ele sentiu fortes dores abdominais. De acordo com os representantes judiciais, os problemas de saúde tiveram início antes da deflagração da operação.
No dia 30 de outubro de 2011, Gilmar deu entrada no hospital São Lucas reclamando de dores similares. Foi identificado então hepatopatia crônica e hipertensão portal, que representam complicações no fígado.
Os advogados Diógenes da Cunha Neto e Augusto Araújo rebateram qualquer possibilidade de que o empresário estaria aproveitando a doença para evitar permanecer detido no quartel.
Ontem pela manhã, a reportagem da TRIBUNA esteve no Hospital do Coração e constatou o forte aparato policial que escoltava Gilmar. No total, dezoito policiais militares por dia prestam atenção à movimentação no apartamento 103, onde o paciente está internado.
Políticos visitam João Faustino
Os deputados federais Rogério Marinho e Felipe Maia estiveram durante o dia de ontem no quartel do Comando Geral da Polícia Militar. Os políticos foram visitar os suspeitos detidos como forma de prestar solidariedade.
Em entrevista, Felipe Maia disse acreditar na inocência do suplente de senador João Faustino Ferreira Neto. "A história pregressa dele demonstra uma vida política repleta de honestidade", disse.
O presidente do PSDB-RN, Rogério Marinho, visitou João Faustino

Felipe é filho do senador da república José Agripino. Faustino é justamente suplente de Agripino no cargo. O deputado disse acreditar que rapidamente Faustino se "verá livre de fatos que não foram comprovados pelo Ministério Público".
Rogério Marinho esteve no local no início da tarde de ontem. Perguntado sobre como viu o estado emocional dos suspeitos detidos, o deputado foi enfático. "Eles estão absolutamente tranquilos", disse após a curta visita que durou cerca de 15 minutos.
O deputado esclareceu que a ida ao quartel foi motivada pelo sentimento de solidariedade ao suplente de senador João Faustino Ferreira Neto. "Vim deixar um abraço para ele, que é meu amigo", afirmou.
Rogério diz acreditar nas instituições de investigação para apontar as verdadeiras responsabilidades do caso. "O Brasil possui instituições sérias e consolidadas. Elas irão apontar cada responsabilidade do caso", encerrou.
Comando da PM
Entenda como estão presos os acusados da Operação Sinal Fechado:
Detentos
Estão custodiados na sede do Comando do Policiamento Interiorano (CPI), no quartel do Comando Geral da Polícia Militar, nove pessoas. Oito delas foram
presas temporária ou preventivamente em decorrência
da operação Sinal Fechado, do Ministério Público Estadual. A outra pessoa (Rychardson Macedo) detida em decorrência de outra investigação do MP, nomeada de "Pecado Capital"
Estão no sede do CPI: George Anderson Olímpio da Silveira, João Faustino Ferreira Neto, Marcus Vinícius Furtado da Cunha, Carlos Theodorico de Carvalho Bezerra, Caio Biagio Zuliani, Fabiano Lindemberg Santos Romeiro, Marcus Vinícius Saldanha Procópio e Edson César Cavalcante Silva. José Gilmar de Carvalho Lopes passou mal após a prisão e está sob escolta no Hospital do Coração. Outros quatro detidos pela"Sinal Fechado", estão em outros estados (São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul).
Estrutura
Até a manhã de ontem, todos os detentos estavam em um único alojamento. Mas no fim da tarde, foram divididos. Os detentos estão em três ambientes diferentes, pois o prédio do Comando da PM não possui carceragem. Cada ambiente possui praticamente a mesma estrutura: beliches, banheiros, ar-condicionado e TV. Esses espaços são os alojamentos dos oficiais do Comando do Policiamento do Interior, Comando do Policiamento Metropolitano e alojamento do Oficial do Dia.
Fonte Tribuna do norte
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