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sábado, 4 de agosto de 2012

Crise no setor de carros usados fecha 4.500 revendas

Ariovaldo Tavares de Souza diante do imóvel onde funcionava uma das suas revendas, em São Paulo
Enquanto as montadoras comemoram a recuperação dos negócios, revendedores de carros sofrem com as restrições de crédito e a desvalorização dos modelos.
Diante da queda no comércio de usados em junho, a relação das vendas entre novos e seminovos --superior a 2,6 nos cinco últimos anos-- caiu para 2,1. Ou seja, a cada carro novo vendido, dois usados foram comercializados.
Desde o final do ano passado, o crédito secou no setor. Cerca de 80% dos pedidos de financiamento são negados.

A redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) acentuou a crise. Em alguns modelos, a desvalorização chega a 30% como reflexo da queda no preço dos novos.
A Fenauto (sindicato das revendas) estima que cerca de 4.500 lojas foram fechadas nos últimos meses, cerca de 10% do total no país.O setor entregou uma pauta de reivindicações ao Ministério da Fazenda.
Pede retirada total do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) nos financiamentos de usados e uma linha de capital de giro para garantir a sobrevivência dos lojistas até a retomada do crédito.
"O governo só tem olhos para as montadoras. Esquece do nosso setor", afirma o presidente da Fenauto, Ilídio Gonçalves.
Ele reclama da falta de resposta do governo para os pedidos.
Em negociação semelhante em 2009, o setor conseguiu do governo uma verba de R$ 1 bilhão, com recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), para capital de giro.
"Da outra vez tinha crédito, tinha aprovação. Com 41 anos de experiência de lojas de automóveis, por todos os planos econômicos que passei, ainda não vi como está no momento"
LOJAS FECHADAS
Em uma volta no quarteirão do centro de São Paulo é possível notar com clareza a crise.
O revendedor Ariovaldo Tavares de Souza, 60, aponta uma oficina, um lava-rápido, um depósito de material de construção e um galpão vazio. Os quatro imóveis eram ocupados por lojas de carros meses atrás.
O último, o ponto que está à venda, é de sua propriedade, onde ficava uma de suas duas revendas encerradas.
No seu único ponto ainda em atividade, o prejuízo já chega a R$ 100 mil.
"Como não vende, tem que repassar com prejuízo. Um Palio vendido antes a R$ 18 mil, custa hoje R$ 13 mil", diz.
REFLEXO NOS NOVOS
A crise nos usados deve afetar o desempenho dos novos. Cerca de 60% dos compradores de modelos 0 km entregam um carro de entrada no negócio.
"É um mercado muito significativo, até mesmo para a montadora, porque, para vender o carro novo dela, ela precisa desse mercado funcionando", afirma o consultor Valdner Papa.

Folha.com

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